Hoje iniciei o meu texto com outra perspectiva, porém fui
interrompido, quando retornei, já não encontrava a linha de raciocínio. A
interrupção, me levou a ver o mundo por um universo, que ainda não tinha
observado. A condição de um encarcerado. Recebi a visita de uma pessoa que
trabalha em um presídio, e ele falou um pouco desta realidade. Nesta troca de
informações pude ver que realmente o sistema adotado não leva a nenhum
resultado válido.
O indivíduo que ali está, não tem dimensão da realidade dos
seus atos. Toda a estrutura para a contenção dos atos transgressores não trata da
raiz da causa. A tomada de consciência das consequências dos atos realizados.
Quem não reconhece que os danos “causados” a outros é de sua responsabilidade,
continuará a agir da mesma maneira. Mesmo que seja espancado até a morte, não
mudará a perspectiva de seu julgamento íntimo. Sem esta mudança não haverá
transformação e a consequente conscientização de que um novo rumo deve ser
tomado.
Olhando de fora parece ser simples a mudança de políticas
nesta área, mas a implantação de uma nova diretriz passa pelo processo de
compreensão da sociedade, de que atos punitivos não recompõem os danos
causados, apenas expõe o agente a mais comportamentos destrutivos.
O que estou abordando aqui, não é a defesa do desencarceramento
indiscriminado, mas uma abordagem, que vise, a recomposição dos danos e o
reconhecimento da responsabilidade. Se esta mudança de posição não ocorrer no
indivíduo transgressor, continuaremos a lutar com a violência por um ponto de
vista que não causara mudança alguma.
A recomposição da desordem provocada, tem que ser o foco do
sistema de controle de transgressões. Um indivíduo que entende que seu ato,
causa danos a outros, que é ele, o responsável direto por estes danos, e que é,
tarefa somente dele, de recolocar as coisas no lugar, estará mais consciente e
interiorizado do processo, e certamente não terá propensão a realizar tais atos
novamente.
Então, encontrar uma solução que leve a esta mudança de paradigma,
é o que deveria ser avaliado nas discuções do sistema de repressão a transgressões
das normas sociais. A necessidade de um conjunto de normas e regras de convívio,
é fundamental para o tecido social. Sem esta estrutura, não é possível aos membros,
estabelecerem limites de coabitação dos espaços comuns e individuais, e a tão
desejada harmonia social. Acredito que devemos buscar a viabilidade desta
reforma, sob a pena de vermos deteriorar todo o sistema de convívio.
A discussão está aberta, pontos de vistas são contraditórios.
Visões antagônicas são necessárias para que haja esclarecimento das questões. A
sociedade é dinâmica e viva. Encontrar novas soluções a partir de novas abordagens
é salutar. A compreensão humana está diretamente ligada ao tempo em que ocorrem
os fatos. Buscar formas de avaliar as normas e medidas vigente, de acordo com
as novas posições é importante para o desenvolvimento de toda a sociedade.

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