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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Reconectando.



Hoje iniciei o meu texto com outra perspectiva, porém fui interrompido, quando retornei, já não encontrava a linha de raciocínio. A interrupção, me levou a ver o mundo por um universo, que ainda não tinha observado. A condição de um encarcerado. Recebi a visita de uma pessoa que trabalha em um presídio, e ele falou um pouco desta realidade. Nesta troca de informações pude ver que realmente o sistema adotado não leva a nenhum resultado válido.

O indivíduo que ali está, não tem dimensão da realidade dos seus atos. Toda a estrutura para a contenção dos atos transgressores não trata da raiz da causa. A tomada de consciência das consequências dos atos realizados. Quem não reconhece que os danos “causados” a outros é de sua responsabilidade, continuará a agir da mesma maneira. Mesmo que seja espancado até a morte, não mudará a perspectiva de seu julgamento íntimo. Sem esta mudança não haverá transformação e a consequente conscientização de que um novo rumo deve ser tomado.

Olhando de fora parece ser simples a mudança de políticas nesta área, mas a implantação de uma nova diretriz passa pelo processo de compreensão da sociedade, de que atos punitivos não recompõem os danos causados, apenas expõe o agente a mais comportamentos destrutivos.

O que estou abordando aqui, não é a defesa do desencarceramento indiscriminado, mas uma abordagem, que vise, a recomposição dos danos e o reconhecimento da responsabilidade. Se esta mudança de posição não ocorrer no indivíduo transgressor, continuaremos a lutar com a violência por um ponto de vista que não causara mudança alguma.

A recomposição da desordem provocada, tem que ser o foco do sistema de controle de transgressões. Um indivíduo que entende que seu ato, causa danos a outros, que é ele, o responsável direto por estes danos, e que é, tarefa somente dele, de recolocar as coisas no lugar, estará mais consciente e interiorizado do processo, e certamente não terá propensão a realizar tais atos novamente.

Então, encontrar uma solução que leve a esta mudança de paradigma, é o que deveria ser avaliado nas discuções do sistema de repressão a transgressões das normas sociais. A necessidade de um conjunto de normas e regras de convívio, é fundamental para o tecido social. Sem esta estrutura, não é possível aos membros, estabelecerem limites de coabitação dos espaços comuns e individuais, e a tão desejada harmonia social. Acredito que devemos buscar a viabilidade desta reforma, sob a pena de vermos deteriorar todo o sistema de convívio.

A discussão está aberta, pontos de vistas são contraditórios. Visões antagônicas são necessárias para que haja esclarecimento das questões. A sociedade é dinâmica e viva. Encontrar novas soluções a partir de novas abordagens é salutar. A compreensão humana está diretamente ligada ao tempo em que ocorrem os fatos. Buscar formas de avaliar as normas e medidas vigente, de acordo com as novas posições é importante para o desenvolvimento de toda a sociedade.

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