Controle
![]() |
| Brigitte Werner - Pixabay |
Até onde deve ir o controle de uma empresa ou sociedade?
Em uma matéria publicada na Reuters,
li que, segundo relatório do Tribunal de Contas Europeu, “os supervisores do
Banco Central Europeu, são frequentemente demasiado lenientes com os
bancos na forma como gerem o risco de crédito, especialmente no caso dos piores
desempenhos”.
Este tipo de atitude tornou-se regra na maioria das
instituições e na sociedade em geral. A excessiva tolerância de “pequenos”
abusos.
Na década de 1990, a cidade de Nova York estava tomada pelo
crime. Na época foi instituída a polêmica política de tolerância zero. Baseada na
teoria psicológica das janelas quebradas.
A teoria se baseia na ideia de que uma janela quebrada de
uma edificação passa a mensagem de abandono, que por sua vez, propaga a
sensação de impunidade e desregramento, levando inclusive a condição de invasão
e depredação do imóvel, em caso de desocupação.
Comportamento
Este comportamento inerente ao indivíduo, tente a ser uma
realidade em outras situações.
Se ninguém está vendo posso fazer.
Esta certeza de “não responsabilização” leva aos abusos.
A atual crise política, econômica e social é decorrente deste
afrouxamento “moral” individual.
A ideia reinante de que “tudo pode”, tem levado as pessoas a
um comportamento narcisista e egoísta. Eu quero assim, você que aceite! Esta é
a ideia.
Mas como encontrar um ponto de equilíbrio entre o “tudo pode”
e o “nada pode”.
Excessos
Sempre que a sociedade entende que há excessos no
comportamento geral, uma onda de controle se levanta e traz junto consigo o
autoritarismo e a censura, seja do lado que não aceita o desregramento, seja do
lado que não aceita o controle.
A situação envolvendo o conflito entre Rússia e Ucrânia é
uma representação clara destes dois excessos. Há hoje na Rússia um levante que
cristaliza a ideia de que deve se punir os excessos. O controle exercido sobre
a sociedade local, vai da limitação do ir e vir em suas fronteiras ao controle
do que se pensa através das interações nas redes sociais e do noticiário. Esta
mesma política vinha sendo adotada na China.
As vozes russas acusam seus vizinhos e apoiadores de viverem
de forma indecorosa e promiscua. Por outro lado, seus opositores os acusam de
serem rudes e cruéis com os mais “frágeis”. Numa retórica sem fim.
Riscos
Este estado de coisas, tem levado a sociedade global em uma
direção sombria e perigosa. A cada dia as “batalhas” são travadas nas diversas
trincheiras do relacionamento humano.
A deterioração do cenário econômico, tem demonstrado que
estamos perdendo o controle do embate. As políticas de proteção as “minorias”
podem ter exagerado na dose e criado uma revolta de dimensões apocalípticas. Os
governos em geral têm se posicionado na defesa das narrativas de controlar as
vozes destoantes. Esta política tem elevado os níveis de controle e a repressão
a insatisfação latente. O cenário econômico evidencia a brutal transferência de
renda em todas as nações, nunca tantos perderam, para que poucos lucrassem
vertiginosamente. Esta realidade funciona como indutor de uma pressão que se agiganta sob o manto da insatisfação social. A eclosão desta revolta
avança a ritmo acelerado. O atual modelo de governança social e econômica está
com seus dias contados. Uma nova estrutura precisa ser acordada e elaborada
antes que a anarquia impere por total falta de objetivo dos indivíduos.
Sensatez
Uma sociedade sem limites ou sem um consenso de ideias
torna-se barbara e cruel. Este é o caminho que poderemos trilhar se cabeças não
se levantarem e olharem além do horizonte.
O imediatismo e o ego, tende a impulsionar os indivíduos as
suas mais mesquinhas atitudes, conduzindo o ser a revolta e a degradação moral
e intelectual.
Apesar do elevado volume de informação de nossa era, o nível
intelectual e moral tem decrescido ao longo das últimas décadas. Somos mais
libertinos e medíocres que nossos antepassados e vemos as próximas gerações em
escala inferior a atual, isso é preocupante e perigoso para a continuidade
humana no planeta. Algo precisa ser iniciado agora antes que já não seja possível
retornar.
O bom senso e a temperança são ingredientes que devem induzir
as lideranças na condução dos rumos da sociedade.

Nenhum comentário:
Postar um comentário