Verdade moribunda.
Sempre que há uma disputa, a verdade é a primeira a morrer. Não seria diferente diante dos fatos que ocorreram em Brasília no dia oito de janeiro. Numa distorção brutal da realidade, a mídia tradicional irmanada em uma só voz, entoa o mantra de uma “facção” política no comando das manifestações ocorridas. Para quem olha os acontecimentos no Brasil recente, fica fácil entender o levante popular. Desde os anos 2011/2013 um movimento crescente de repudio a corrupção a ao sistema de governo de apadrinhados, tem tomado corpo. Naqueles anos, uma manobra golpista foi impetrada para causar comoção e justificar a imposição de medidas que levariam o país a uma ditadura comunista. Porém, os articuladores do plano, perderam o controle dos movimentos e ali surgiu uma organização natural em repudio as forças corruptas infiltradas na política do país. De lá para cá, todos os atos com objetivo de cooptar estas manifestações em prol de uma agenda progressista, surtiram o efeito inverso. A cada dia e a cada manifestação, o pensamento liberal conservador, tem se cristalizado no seio da sociedade brasileira.
O interessante na observação desta trajetória, é que todas as tentativas de distorcer a realidade dos fatos e criminalizar o movimento, tem servido para o crescimento da conscientização do cidadão comum, e o engrossamento das fileiras de apoiadores. O advento da crise sanitária, foi fundamental para esta estruturação solidária. No início das medidas de restrição, os caminhoneiros foram penalizados em suas atividades, a resposta do movimento foi de amparo a categoria, com postos de apoio montados por cidadãos ao longo das estradas, para que os trabalhadores, não parassem devido as restrições de funcionamento dos estabelecimentos as margens das rodovias. Esta atitude solidária, criou uma rede de conexões por todo o país, as redes sociais foram fundamentais neste momento. Esta aproximação entre trabalhadores do volante e a população em geral, estreitou os laços de cidadania. A comunicação dos universos, ampliou o sentimento patriótico, em um povo de indole solidária.
Dentro destes eventos, o surgimento de um interprete capaz de dar vós aos desejos da população, o alçou a condição de líder. Este protagonismo concentrou a ira do sistema, agora havia uma figura a ser combatida. Esta visão distorcida da realidade tem sido o foco desde então. A insana atitude de provocar a morte de Jair Bolsonaro, apenas cristalizou o desejo de auto defesa desta força ascendente na sociedade, culminando com a eleição do “mito”, como ficou reconhecido no berço da força de apoio.
O governo instalado em janeiro de dois mil e dezenove, tornou-se o alvo a ser abatido pelas forças infiltradas no sistema. A cada ataque realizado, o sentimento de proteção do coração do pensamento liberal/conservador, ganhava mais força e conscientização. Mesmo com uma aparente desorganização e acefalia, a ideia de repudio a corrupção e ao corporativismo político seguiu se fortalecendo. A rejeição do resultado extraído do sistema eleitoral, é a imagem final desta batalha. A disposição de cidadãos comuns em permanecer as portas das unidades militares ao longo de mais de setenta dias, sob condições insalubres e com uma infraestrutura mínima, enfrentando as intempéries de forma ordeira e pacifica, mostra a obstinação de um povo em torno de um objetivo.
A tentativa do sistema que impera nos poderes do país, de personalizar esta força na figura e um político apenas, será a base do erro que levara a derrota diante de desta força que surge no meio da sociedade. O que motiva as pessoas que engrossam as fileiras da revolta, é uma ideia, a aversão, a corrupção e a impunidade.
Esta planta brotou e vem crescendo sem um pai responsável, ela está na base das mudanças, a rejeição a corrupção social, é vista no cotidiano. Comportamentos desregrados e deploráveis, já não são tolerados nas situações corriqueiras. Portanto, este é um movimento com rumo certo e sem retorno. É uma questão de tempo para que a estrutura corrompida e arcaica desabe sobre aqueles que, insanamente, tentam mantê-la sob o mando da defesa da ordem democrática. Muito sofrimento ocorrerá, mas não há força que possa parar esta transformação. Resta saber como ela se cristalizara no horizonte vindouro. Um bom dia e caminhemos serenos e pacíficos, a estrada e longa e cheia de acidentes naturais.

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